domingo, 3 de agosto de 2014

Rebelião - Masaki Kobayashi (1967)


Rebelião, filme de Masaki Kobayashi, realizado em 1967 é simplesmente um dos melhores filmes que já vi. Não é atoa que é considerado um clássico. Tudo nesse filme é bom, a fotografia, o roteiro, os diálogos, a história, os personagens e, principalmente o desfecho.
A história do filme se passa no "Japão Feudal" (termo pra lá de incorreto) e o fio condutor dela esta em Ichi, mãe do filho único vivo de um senhor feudal tirano de um clã. Ichi é raptada e separada de seu marido Yogoro por esse senhor. Contra essa injustiça Yogoro e seu pai, Isaburo, entram em conflito com o raptor e seus homens para ter Ichi de volta. Essa história sofre reviravoltas interessantes e seria muito difícil explicar ela com detalhes (assista o filme).
Além de ser estrelado por Toshiro Mifune o famoso ator japonês também é o produtor. Mifune nessa época tinha brigado com Akira Kurosawa durante a filmagem de "Barba Ruiva" e encerrado a amizade-parceria desde então. Seu personagem neste filme, no entanto, tem traços evidentemente "kurosawianos". Isaburo Sasahra ocupa o centro da tragédia em forma de painel histórico e é um dos melhores personagens de filmes de samurai (chambara) que eu conheço.
Isaburo leva uma vida infeliz com a sua mulher e vê no amor do seu filho, Yogoro, com a sua esposa, Ichi, não apenas um alento para sua atormentada alma, já que seu filho não seguiria seus desastrosos passos na vida amorosa, mas uma beleza única que deveria ser preservada a qualquer custo, nem que para isso tenha que ir contra a opinião da sua família ou mesmo tenha que lutar e se sacrificar. Temos aqui mais uma história de um Samurai que achou o próprio código e que está disposto a dar seu sangue por ele, isso é comum em chambara.
Yogoro e Ichi acabam sendo mortos tragicamente por mandantes do senhor feudal. A revolta de Isaburo, depois da morte do seu filho e da sua nora, transforma-se. Vingança pessoal,  justiça,  preservação da honra, da memória e da ideia dessa beleza que ele acabara de descobrir acabam virando o combustível da rebelião de Isaburo. Dado isso ele se dispõe a enfrentar a opinião da sua família e as arbitrariedades de um suserano tirano e criminoso. Vence uma batalha contra os samurais do senhor feudal e resolve levar sua denúncia ao poder central em Edo (Tokyo).
O suserano, a fim de evitar um escândalo com seu clã, contrata outro samurai para impedir que ele chegue a seu destino. O desfecho de Rebelião é extraordinário. Mais uma vez temos uma luta entre dois personagens que representam arquétipos distintos. Temos Asano, imbuído do dever bushido e o código de honra do samurai que exige dele a vida pela estrutura de poder o qual ele é subordinado, do outro temos Isaburo lutando por um senso pessoal de justiça.


Neste momento existem duas lutas acontecendo. Uma física, com espadas, entre Asano e Isaburo e outra dentro de Asano, que tem que decidir se vai seguir o seu tradicional código samurai ou se rende ao justo código de ética de Isaburo, que na verdade é também dele. No final ele fere o amigo e retrocede a própria morte como suprema forma triunfo.
Infelizmente o destino de Isaburo não é feliz e ele acaba sendo covardemente morto em uma emboscada. Um final trágico, porém digno de um herói.

Um filme lindo em todos aspectos, uma história fantástica. Nota 11.


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