sábado, 23 de agosto de 2014

Assassinato - Masahiro Shinoda (1964)

Japão, estamos no final do Periodo Edo, ainda no Xogunato Tokugawa e próximo da Restauração Meiji. Nessa época o Japão estava saindo de sua política isolacionista estrangeira e modernizando-se.
Os japoneses estavam em choque com a chegada da esquadra de navios norte-americanos, exigindo a abertura dos portos, iniciando uma série de eventos políticos e conflitos internos que colocariam em xeque, inclusive, a crença no Japão como uma terra sagrada e invencível.
As principais ideologias da época eram divididas entre pró-imperialistas (ou patriotas nacionalistas), que queriam a restauração do império e a expulsão dos estrangeiros, e as forças do xogunato.
Nesse contexto temos a figura de Hachiro Kiyokawa, um ambicioso e misterioso ronin que vive aparentemente dividido entre as forças do Xogunato e o Imperador.
Hachiro Kiyokawa foi um personagem histórico. Ele nasceu na vila de Kiyokawa em Shonai, na província de Dewa, ao norte do Japão. Desinteressado pelos negócios da família (que vendia Sakê) ele viajou para Edo onde estudou e recebeu um Menkyo (uma espécie de certificado de proficiência) de Genbukan na renomada escola Hokushin Itto-ryu, tornando-se um respeitável espadachim.
Ele também era um estudioso de Confúcio.
Em 1855 ele funda a escola Kiyokawa, a única escola de Kenjutsu em Edo. Ele era um crítico do xogunato de Tokugawa usando, inclusive, sua escola para espalhar suas ideias sobre a situação política do Japão.
Em Edo ele matou um homem e foi forçado a deixar a cidade.
Estrategista, audacioso, justo, inteligente, Kiyokawa se tornou uma figura heroica e admirável, era uma personalidade cativante e, embora tivesse raízes camponesas (o que também era fonte de conflitos, especialmente com samurais de família) sua nobreza de caráter o compensava.
Todo o filme caminha para desnudar esse personagem histórico tão interessante. Todas suas motivações, sua índole, sua filosofia e seu caráter são despejados a conta-gotas durante o filme em diálogos ásperos, testemunhos, flahsbacks constantes e narrativas.






A fotografia do filme é deslumbrante, bastante simétrica e os elementos dos cenários bem distribuídos, assim como os efeitos de sombra e luz durante as cenas. Todas as ideias imagéticas no filme são geniais.
As movimentações de câmeras são interessantes, às vezes mantendo o foco em pés, mãos preparando um golpe de espada e intensificando a expectativa do ataque, lutas bem coreografadas e mortes espetacularmente teatrais.
Além disso o filme trabalha com diversos recursos interessantes como pausas e até mesmo uma câmera subjetiva.

Se tem uma coisa que se pode dizer do filme é que ele foi feito com maestria e é com certeza um dos melhores filmes de samurai já feito.

Esse filme fecha com chave de ouro a excelente coleção da Versátil de Cinema Samurai.


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