terça-feira, 29 de julho de 2014

13 Assassinos - Eiichi Kudo (1963)

Comprei a coleção da Versátil chamada "Cinema Samurai" com 3 DVDs que reúnem 6 clássicos chambara (filme de samurai) dirigidos por cineastas consagrados.

Tentarei fazer aqui alguns comentários sobre os filmes.

O primeiro filme que assisti foi 13 Assassinos de Eiichi Kudo.




A história é simples, Lorde Naritsugu é um sádico e rico Daimiô que comete todo tipo de crueldade (como estupro e assassinato) e permanece impune por ser irmão do Xogum. Diante de tamanhas injustiças 13 samurais resolvem detê-lo em nome da honra.

O filme pode ser dividido em 3 ou 4 partes.

Temos a apresentação da história e de alguns personagens-chave na trama, como o tirano Lorde Naritsugu. Temos também seu fiel guarda-costas Hambei e o lider da revolta (mas não da conspiração política), Shinzaemon Shimada.
A outra parte do filme vemos Shimada, disposto a matar o Daimiô, reunindo forças para o levante. Nem todos os 13 ex-samurais entram no levante pelo mesmo motivo, alguns vão pelo senso de justiça e dever, outros por dinheiro, outros pela adrenalina, outros por motivos mais pessoais. Um dos samurais é um jovem que apenas quer provar sua coragem ao sogro e assim ter permissão para casar com sua filha.
É importante sublinhar que estes samurais do levantes são ronins, são ex-samurais, portanto, eles não tem um dever de seguir um Daimiô.
A outra parte do filme os rebeldes tentam fazer emboscadas para Lorde Naritsugu que está em viagem. Esse momento do filme é interessante pois as estratégias lembram muito um jogo de xadrez, onde para vencer o adversário é necessário antecipar os seus movimentos.
A última parte do filme é uma longa e interessante sequencia de luta entre os guardas leais ao Daimiô e os 13 rebeldes. Toda ação se dá num labiríntico vilarejo onde várias armadilhas foram colocadas e vários becos escondem surpresas. A evidente desvantagem numérica é compensada pela inteligência estratégica.
A cena final Lorde Naritsugu é assassinado por Shimada e este é desafiado por um duelo de morte por Hambei. Tanto Shimada quanto Hambei morrem neste duelo, Shimada se permite ser trespassado pela espada de Hambei e Hambei é atacado em seguida. Cada um cumpriu sua obrigação, tanto Shimada, que morreu por um senso de honra pessoal, quanto Hambei, pelo seu tradicional código de ética samurai. Ambos saíram desta vida com seu dever cumprido.
Podemos puxar discussões interessantes neste filme. Uma delas que salta é a diferença do Samurai para o Ronin. Todo o senso de dever do Samurai paira em torno do seu Daimiô, independente se as condutas desse Daimiô são nobres ou não para o Samurai. Um Samurai está predestinado a proteger seu senhor sem questionamentos. Esse ideal tradicional do Samurai no filme é a figura de Hambei. Hambei não é mostrado como necessariamente mal e também não é necessariamente bom, mas é indiscutivelmente leal, é indiscutivelmente um Samurai.
O Ronin, por outro lado, é livre. Ele tem seus próprios parâmetros, defende o seu próprio código de honra e justiça, seus próprios interesses, sendo eles nobres ou não. Alguns estão dispostos a morrer por eles, se for necessário, como um Samurai. A fidelidade de Shimada não é por um senhor, é por uma causa.

Resumindo, é uma boa historia e foi bem contada. Daria uma nota 8 para o filme, tranquilamente.
Diferente de muitos filmes hoje em dia ele não desrespeita o expectador. Cada ato do filme tem um sentido na história, cada parte é importante para o desfecho. Não há absurdos nem erros bobos de roteiro.

Remake

Este filme ganhou um remake em 2010 nas mãos de Takashi Miike.
O remake seguiu o mesmo roteiro do filme original com algumas modificações.  Se compararmos com o original o remake é bem mais violento, algumas cenas pesadas que enfatizam a crueldade de Lorde Naritsugu. As cenas de luta também estão mais criativas e emocionantes em comparação ao original.
A única coisa que mudou muito foi o discurso do filme. O filme original versava melhor sobre a questão da honra entre o Samurai, que é obrigado a dedicar sua vida ao mestre, e um homem livre, que dedica a sua vida ao que pessoalmente acha importante. No filme original o estopim desse discurso é quando Shimada deixa a espada de Hambei penetrar seu corpo. Além de trabalhar a ideia do dever e da liberdade há aqui a questão da amizade, do reconhecimento e do respeito de Shimada ao código de honra do seu amigo e oponente.
No Remake essa cena não existe, Shimada e Hambei travam um duelo de espadas até a morte onde Shimada sai vitorioso. Quando eu estava pronto para esbravejar contra o filme eis que a proposta do Remake se revela e me surpreende apresentando um discurso que eu achei tão interessante quanto a proposta original. Shimada se permite morrer com um golpe desferido por Naritsugu e também revida com o mesmo golpe. Nos últimos momentos vemos uma nítida diferença entre a nobreza real de um homem e a nobreza de outro que é apenas um título social. Enquanto Shimada enfrenta sua morte como um Samurai Naritsugu se debate no chão de dor e com medo. Diante da morte, sem mais o que fazer, se vendo como um verme rastejante, Nartisugu agradece a Shimada por proporcionar o momento mais significativo de sua vida.



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