segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Furyo, Em Nome da Honra (1983, Nagisa Oshima)



"Furyo, Em Nome da Honra" (Merry Christmas Mr Lawrence) é um filme de 1983 dirigido por Nagisa Oshima e baseado nas experiências de Sir Laurens Jan van der Post durante a Segunda Guerra Mundial como prisioneiro de guerra.

A história do filme se passa em 1942, num campo de concentração na ilha de Java. O prisioneiro Jack Celliers (David Bowie) provoca um conflito quando decide não obedecer às regras do capitão Yonoi (Ryuichi Sakamoto). Punk's not Dead. I'm British Motherfucker! A insolência é respondida com violência e isso também recai nos outros prisioneiros, obrigando o racional e diplomático John Lawrence (Tom Conti), outro prisioneiro, a tentar acalmar os ânimos de ambos os lados.

O filme é bom. Foi premiado pela British Academy of Film and Television Arts com a melhor trilha sonora. Recebeu prêmio de filme mais popular pela Academia Japonesa. Tom Conti recebeu o prêmio de melhor ator pelo National Board of Reaview (apesar do David Bowie estar atuando melhor). Recebeu também mais 5 prêmios no Mainichi Eiga Concours, incluindo melhor filme. Fora isso, foi indicado ao Festival de Cannes concorrendo a Palma de Ouro.

Uma das curiosidades mais interessantes do filme é que ele conta com três expoentes da música. David Bowie, Takeshi Kitano, um cantor popular do Japão e Ryuichi Sakamoto, também responsável pela trilha sonora do filme. Sakamoto ficou conhecido por ter feito a trilha sonora para o filme "O Último Imperador" de Bernardo Bertolucci. Para "Furyo" a trilha sonora minimalista é, como bem disse o crítico Sidnei Cassal para o Plano Crítico, um intérprete invisível que acrescenta uma abordagem onírica das cenas.

Mas não é apenas a trilha sonora que foi bastante comentada. O filme sugere um subtexto homossexual impregnado no militarismo (velha relação sexual de dominação e subjugação - coisa compartilhada na cultura militar e erótica ao mesmo tempo). Especialmente na relação entre Jack Celliers (David Bowie) e o capitão Yonoi (Ryuichi Sakamoto). É uma abordagem sincera, não invasiva e até poética. Mas, dado aos contextos militantes de hoje, as pessoas podem reduzir o filme a apenas isso e tornar as discussões impregnadas de uma chatíssima politização. O filme é muito mais do que isso, as entrelinhas homoeróticas são apenas... entrelinhas. A grande força do filme reside na abordagem sobre choque de culturas e a relação entre os indivíduos. Temos a nivelação dos sujeitos, mesmo vindo de culturas radicalmente diferentes que, quando confinados no mesmo espaço por muito tempo, criam o inesperado sentimento de empatia, tolerância e amizade - mesmo em lados opostos de uma guerra.
Temos aqui uma bela abordagem sobre indivíduo e Nação. Uma lição que perpassa todo o filme é que toda Nação é composta por indivíduos mas nenhuma Nação pode ser um indivíduo.

O filme é uma grande celebração de fraternidade entre os povos.

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