sexta-feira, 26 de junho de 2015

Crítica: Hiroshima Mon Amour (Alain Resnais)



É muito difícil falar de um filme que é considerado um dos maiores clássicos do cinema de todos os tempos. Praticamente tudo o que era pra ser dito sobre ele parece que já foi dito.

Podemos dizer que filme todo tem a presença constante de apenas dois personagens. Uma atriz francesa (Emmanuelle Riva) e um arquiteto japonês (Eiji Okada). A história deles vai se desenvolvendo no decorrer e o tema presente aqui é a memória.

Os diálogos e as memórias desses dois personagens vão costurando a malha principal do filme.

A primeira parte se foca bastante sobre os horrores da bomba que foi lançada em Hiroshima, no Japão, ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Intermediada pelo diálogo e cenas suaves entre os dois amantes (depois de uma belíssima cena de corpos entrelaçados), são mostradas, com um contraste agressivo, imagens de pessoas doentes e mutiladas ao som minimalista de George Delarue e fotos de Sacha Viemy.

Na segunda parte do filme aprofundamos na relação dos amantes e na terceira parte do filme nos aprofundamos nas memórias e nos traumas da mulher.
Todo trauma da personagem se passa em Nevers, uma comuna francesa ao sul-sudeste de Paris, na época do fim da ocupação nazista.
A personagem, nessa época com 18 anos, tinha se envolvido emocionalmente com um soldado alemão. Ao fim da guerra, por essa história, ela foi taxada de colaboracionista; foi espancada e humilhada publicamente pelas ruas da cidade (como aconteceu com várias outras mulheres além dela). Seu amante alemão foi morto e seu sonho de amor destruído.

Com a vida retalhada o que ela mais deseja (e ao mesmo tempo não deseja) é esquecer esses fatos terríveis e continuar vivendo normalmente, na medida do possível, acreditando na felicidade.
O passado, porém, a persegue.
Esse seu trauma pós guerra encontrará na figura do japonês, que teve sua família morta em Hiroshima, uma identificação na miséria. O amor deles vai tentando contornar, com extrema dificuldade, os choques que receberam durante a vida, cada um a sua maneira.

O aspecto técnico mais interessante do filme é que trabalha com flahsbacks repentinos, valorizando o caráter inesperado e invasivo da memória. Aqui vemos o que é uma forma servir a um conteúdo e não o contrário.
A composição de imagem, valorizando a simetria e a maestria com a câmera são características típicas de Resnais.

Hiroshima Mon Amour é um filme difícil, porém delicado e brutal ao mesmo tempo, não é atoa que é um dos grandes ícones do cinema francês e um dos mais famosos e influentes da Nouvelle Vague.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lista de Links

  • Meritroyalbet Giriş - Meritroyalbet sitesi sektöre giriş yaparak gücünü göstermektedir. Tamamen sektörün reel kısmında hizmet veren ve Kıbrıs’ın en iyi Casino ve Oteli olan Me...
    Há um ano