O filme é baseado no livro "Bilionários Por Acaso", em especial na figura Mark Zuckerberg, criador do Facebook.
Muito além de ser um filme sobre os bastidores da criação da maior rede social da internet, este filme se foca em fazer um retrato da sociedade atual e as relações inter-pessoais.
A inadequação do homem moderno ao mundo que o cerca é tema recorrente do diretor, e com a Rede Social não foi diferente, se configura portanto como um típico filme de David Fincher.
A "Rede Social" trata de forma curiosa, paradoxal e melancólica o conceito de comunicabilidade nos dias de hoje ao trazer na figura do personagem principal, uma figura solitária com dificuldade de socialização, o poder de criar algo que sugere uma conexão entre as pessoas, uma rede social.
A rede social de Mark Zuckerberg é vista como uma espécie de alter-ego virtual, um Tyler Durden (parafraseando o Clube da Luta), onde pelo menos virtualmente ele se sente parte de alguma coisa, de uma sociedade que ele mesmo criou.
Embora o Facebook trate de conectividade, David Fincher está fazendo um filme sobre a dissonância.
Um outro ponto forte do filme é a capacidade de trabalhar bem com personagens com características fáceis de serem estereotipadas.
Nada é estereotipado nesse filme, os personagens são multi-facetados, o próprio protagonista apresenta evidentes falhas de personalidade e caráter, o que nos permite até maior identificação.
Zuckerberg é mostrado no filme como um adolescente inseguro, introspectivo e anti-social, que usa a própria inteligência e certo teor de arrogância como auto-defesa, na busca de ser admirado de alguma forma.
Nada muito diferente de nós, essas são características presentes em todos, não sejamos hipócritas. Todos temos uma certa necessidade de auto-afirmação.
Resumindo, um ótimo filme, que aborda com sutileza questões atuais, dramas humanos, incomunicabilidade em tempos de alta conectividade, personagens interessantes, carpintaria do roteiro impecável e trilha sonora competente.
Nota 10 para David Fincher.
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